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Comunicação no agronegócio: 5 perguntas para a especialista Mariana Maciel

02/10/2020

Comunicação no agronegócio: 5 perguntas para a especialista Mariana Maciel

Como é trabalhar a comunicação no agronegócio, um setor de destaque no Brasil e que, mesmo com a pandemia, vem alcançando recorde de receitas? Conversamos com a especialista Mariana Maciel*, Líder de Comunicação Digital na Bayer, sobre o assunto.

Ela nos contou sobre sua palestra no YouPix, o Marketing de Influência nesse setor, a sustentabilidade e outras questões pertinentes para quem quer conhecer mais o agronegócio. Confira nossa entrevista:

G&A: Esse setor parece ter sido “descoberto” em meio à pandemia como o grande motor da economia brasileira. Acha que foi um reconhecimento tardio ou é resultado do amadurecimento da comunicação no agronegócio?

MM: Creio que sejam os dois pontos. No momento da pandemia, a população urbana se deu conta do quanto o setor é fundamental para todos e que não parou, mantendo a produção de alimentos e insumos essenciais para nosso consumo e para uso de outros mercados relacionados.

Mas a comunicação no agronegócio também amadureceu muito nos últimos anos. Está se abrindo cada vez mais a um diálogo transparente e com pessoas de fora das porteiras das fazendas, onde justamente existe um desconhecimento sobre o trabalho sustentável que o agronegócio realiza, de fato, e que torna o Brasil referência mundial para o setor. Isso faz com que o tema atinja a sociedade de forma mais intensa, dando a sensação de que está sendo descoberto apenas agora.  

G&A: Qual tem sido a solução das empresas do agronegócio para se conectarem com os clientes em meio ao cancelamento dos grandes eventos presenciais como o Agrishow e Expointer?

MM: Temos visto diferentes iniciativas dentro do setor, mas, principalmente, a substituição por eventos online. Hoje temos plataformas interativas, que proporcionam uma participação cada vez mais imersiva, e até as famosas e simples lives, que possibilitam a participação de um público cada vez maior e ainda mais abrangente do que os eventos presenciais.

Alguém que está no Rio Grande do Sul, mas quer ter informações sobre o mercado dos Cerrados, por exemplo, pode acessar esse conteúdo e tirar boas inspirações dali. Algo que talvez não ocorresse se ele tivesse que se ausentar de sua propriedade rural para ir até outro estado em um evento presencial durante um momento de plantio ou colheita.

As ações presenciais não serão substituídas, obviamente, mas já podemos ver que as ações online atendem boa parte das estratégias do setor e vieram para ficar. Outra importante possibilidade dos eventos online é que o público geral – a população que realmente quer conhecer o agronegócio – pode também acompanhar, o que dificilmente aconteceria de outra forma.

A Bayer tem investido muito em eventos online próprios para os clientes, como o Impulso Bayer Talks, que ofereceu um conteúdo muito importante e que, dificilmente, teria o mesmo efeito em formato presencial. O evento contou com a participação de nomes como Ricardo Amorim e Mario Sergio Cortella, personalidades que trouxeram uma visão bastante ampla de questões econômicas e de sustentabilidade, mensagens importantes que o agronegócio precisa incorporar e dar visibilidade.

G&A: No YouPix, você mediou um relevante debate sobre a importância de se dar voz aos influenciadores que não têm visibilidade para as marcas, incluindo os do setor agro. Quais são os aprendizados mais importantes dessa conversa?

MM: A primeira lição é de que devemos sempre estar abertos ao diálogo e ter coragem de colocar pessoas com perfis muito diferentes sentadas à mesma mesa. Só assim vamos crescer como empresa, setor e sociedade. Tivemos comentários críticos ao agronegócio no chat do evento, por conta da presença da influenciadora digital dessa área, mas acredito ter sido este um dos pontos mais ricos da nossa participação.

Enquanto não nos propusermos a conversar, ficaremos apenas reclamando de que o setor não se comunica com quem é de fora do agro. No começo, as opiniões podem se chocar mesmo, mas esse é sempre o primeiro passo para qualquer mudança de status quo. Precisamos realmente ouvir pontos de vista diferentes para evoluirmos.

G&A: Como é o Marketing de Influência no agronegócio?

MM: Posso dizer que é bem recente e começou de forma mais estruturada há cerca de dois anos e meio. Os criadores de conteúdo dessa área têm muito conhecimento sobre o agronegócio, pois todos têm uma profissão paralela à criação de conteúdo. Gerar conteúdo foi apenas a consequência de muito estudo e trabalho desse grupo composto de engenheiros agrônomos, produtores rurais, professores etc.

Eles realmente buscaram conhecimento para depois obter credibilidade, audiência e engajamento, e, aí sim, começar a influenciar, principalmente os jovens que estarão em breve em processo de sucessão familiar para assumir os rumos do agronegócio no Brasil.

G&A: Em sua opinião, como a sustentabilidade tem sido trabalhada pelo agronegócio?

MM: Com certeza é um dos grandes pilares de todo o setor e é impossível fazer negócio no agro sem ser sustentável. A Bayer mesmo lançou recentemente a Iniciativa Carbono, que envolverá, aproximadamente, 1.200 agricultores no Brasil e nos EUA. Todos receberão assistência para a implementação de práticas agrícolas sustentáveis, com foco em produtividade com impacto de baixo carbono.

Além disso, para uma parte dos agricultores selecionados, a Bayer irá recompensar as remoções de carbono geradas por meio dessas práticas. Agro e sustentabilidade não são excludentes e é nosso compromisso promover diálogos para evoluirmos nesse entendimento. É um prazer comunicar essa e tantas outras iniciativas pioneiras no agronegócio e no mercado como um todo.

Retrato de Mariana Maciel - comunicação no agronegócio
 
*Mariana Maciel é jornalista com mais de 16 anos de experiência em comunicação corporativa, tendo atuado em multinacionais e agências, passando pelos segmentos de tecnologia, saúde, agronegócio, entre outros. Atualmente, é Líder de Comunicação Digital da Bayer, à frente da estratégia de redes sociais, websites e trabalho com influenciadores digitais.